A QUEM EDUCA



"O Verdadeiro Educador é 
o que Acompanha as Mutações da Vida, dos Tempos, dos Comportamentos.

Educar é perder as batalhas do imediato. Menos a do Amor.

É abrir mão da pretensão do reconhecimento e saber que quando vier - se vier -  já tempo não haverá para receber o agasalho de sua manifestação. É aceitar perdurar apenas na lembrança.

É perder porque, em qualquer sistema, o verdadeiro educador estará ameaçando algo, até mesmo tudo em que acredita.

É quem  logo vê  o abismo de imperfeições implícito no próprio ato de educar.

Sabe que educar é educar-se a cada dia.

Educo hoje, com valores adquiridos ontem, pessoas que são o amanhã.
Os valores de ontem, conheço-os. 
Os de hoje, percebo alguns. Dos de amanhã, não sei.

Se só uso os valores de ontem, não educo: condiciono.
Se só uso os valores de hoje, não educo: complico.
Se só uso os de amanhã, não educo: faço experiências à custa das crianças.
Se uso os tres, sofro. Mas educo. Imperfeito mas correto.

Por isso educar é perder sem perder-se! Sempre! É ameaçar o estabelecido. 
Mas é, também, integrar. 

Viver as perplexidades das mutações; 
conviver honradamente com angústias e incertezas; 
ir dormir cravado de dúvidas, mas ter sensibilidade para distinguir o que muda do que  é apenas efêmero; 
o que é permanente do que é reacionário.

É dormir assim e acordar renovado pelo trabalho interior, 
e poder devolver segurança, fé, confiança, formas éticas de comportamento, o verdadeiro sentido de independência e liberdade, 
e os deveres sociais consigo mesmo, e com o próximo, 
aprender a fazer a parte que lhe cabe no esforço comum.

Educa quem educará e for capaz de fundir  ontens, hojes e amanhãs, transformando-os num presente onde amor, senso de justiça e livre-arbítrio sejam as bases.

E só se educa quem é capaz de transformar seu ódio em amor.

Educa a velha professora de quem nos lembramos, sabe Deus por que, décadas depois,
quando sua lembrança não tinha razões aparentes para vir à tona, 
como o velho tio, o amigo, o pai e a mãe 
que voltam do passado com aquele olhar,
aquela observação sobre a vida, na época julgados absurdos.

Educa todo aquele que só entendemos muitos anos depois.

Educa o que nos exigiu forças de que nos julgávamos desprovidos;
esforços de que nos acreditávamos incapazes; 
confrontos conosco mesmos, 
de que tanto fugimos com tantas desculpas menores.

Educa quem integra, sempre e sempre, pedaços de uma realidade eternamente mais ampla do que nós.

E só quem educa, em qualquer nível ou atividade, 
merece viver integralmente as paradoxais intensidades de que é feita a vida. Este, sabe apreciá-los! "


(  Arthur da Távola )


Bjokas  e  Excelente  Domingo!!



2 comentários:

Lena disse...

Oi,
Amei o seu texto, super esclarecedor. Também, o Artur da Távola é tudo de bom! Beijokas e um lindo fim de semana! Muito legal o blog, voltarei com mais calampara apreciar cada cantinho!

Flor de Maio disse...

Oi querida,
Artur da Távola é maravilhoso! Ótima escolha a sua. Um lindo final de semana,
Bjs :)

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