A SOLIDÃO AMIGA ( Rubem Alves )




" A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só.
Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão...
Vem das fantasias que surgem na solidão.

Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. 
Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. 
Cenas. 
De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. 
Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala.  Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele ? 

E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. 
O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... 
Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. 

Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida!

...As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem paradoxalmente, na ausência do outro. 
Quem ama sabe disso. 
É precisamente na ausência que a proximidade é maior.

...proponho a você como motivo de meditação:
"Como se comporta a Sua Solidão? Minha solidão? 
Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? 
A solidão se comporta? "

Se a minha solidão se comporta,
ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

...Ou talvez, dando um giro na pergunta: 
Como você se comporta com a sua solidão? 
O que é que você está fazendo com a sua solidão? 
Quando você a lamenta você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... 

Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos.
Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. 
Mas será possível chamá-la de amiga?

...Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. 
Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. 
E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, 
que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. 
Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. 
Que troca infeliz!! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer.

O estar juntos não quer dizer comunhão! O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmo. 

Sartre chegou ao ponto de dizer que: " O inferno é o outro".

...O filósofo dinamarquês Soeren Kiekeggard observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. ...Experimentei isso na minha própria carne, quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre, entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito.... Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. 

As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. 

Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

A sua infelicidade com a solidão não se deriva ela, em parte, das comparações ?
Você compara  a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza... Mas não sofra a dor da comparação. 
Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.... "

   "A Vida Para Ser Bela, deve estar cercada de VERDADE, de BONDADE, de LIBERDADE. Essas são as coisas pelas quais vale a pena morrer."

( Mestre e Poeta: Rubem Alves- Nasceu em 15/09/1933;
Natural de Boa Esperança, Sul de Minas Gerais)


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DANDO ESPAÇO À TOLERÂNCIA




Todos nós queremos  ( e muitas vezes exigimos!!) que as pessoas as quais convivemos  sejam tolerantes com a gente, e compreensivos ! 
E  deveriam "mudar" quando pensam e agem diferente do que esperamos !! 
 Já que deste modo  não está sendo conveniente pra nós!!! 

Em suma : Nossa ( forte e difícil!) tendência é sempre de "achar" que o outro é  "culpado" dos acontecimentos ou circunstâncias desfavoráveis pra nós, por estar a nos incomodar; 
e (o pior!!) não aceitamos que somos nós mesmos os "incapazes" de tolerar  e 
compreender as circunstâncias para ir em frente com força, dinamismo e persistência. 
Humm... é uma trava!! por conta dessas "mesmices mimadas" ao invés de pôr em prática a tolerância, a compaixão. 
Mas... veja bem... isso não tem significado de "aguentar" situações desconexas,  e ruminar ( remoer por dentro!) como um leão!

No contexto o qual faço referência, é o de ir acumulando em nosso  interior uma  verdadeira tempestade de ressentimentos com dores incalculáveis. 
À princípio - um incômodo, depois produzirá uma apatia com sentimentos negativistas,  inquietação da alma, trazendo  transtornos doentios para o corpo e  mente.

Para o fim do conflito, é possivel .. sim...reverter o quadro, não somente pelo nosso bel prazer, mas por uma vida mais plausível com aqueles os quais convivemos, e que não se pode abrir mão.

Pensamentos e ações estão impregnados de nossas energias positivas ou negativas que influenciam tudo ao nosso redor, e  nos traz o  retorno daquilo que estamos emitindo. 
Portanto, quando se é intolerante, e vive-se assim, com certeza estamos sendo nosso próprio reflexo, de  auto-agressor, auto-temperamental e auto-destrutivo.

Então, podemos ( se quiseres, é óbvio!!!) fazer diferente, mudar esse quadro com a nossa "boa" e enorme vontade, sendo mais solidários, mais criativos em nosso modo de ver os acontecimentos, e as pessoas; agindo mais adequadamente  com expressões mais amenas, não tão rude; desarmar-se, tornando-se mais receptivo, mais audível.
Abandone os descontentamentos com o outro, "na medida" do possível, gradualmente, como todo processo, transforme-se por dentro, experienciando calar, acalmando a mente.
Silenciando o mundo interior,  breque mais a conversação  interior, que leva do pré-julgamento  até  a condenação de si e dos outros.

Deixe o julgamento e a condenação para o Juiz, não assuma esta tarefa!!

Permita-se  uma energia mais leve, fluindo em seus pensamentos, use a compaixão, a benevolência,  conecte-se com  bons pensamentos, saudáveis, sem nenhuma prévia. 
Ainda que seja difícil, inicialmente, mas  persistindo, consegue-se.

O bom e gostoso da vida são as opções que podemos fazer!


Vejamos como exemplo  as  competições: - os atletas ligam-se( energéticamente falando!) ao alvo que deverão atingir, não o trajeto solitário e difícil que necessitam atravessar,  eles se lançam ao desafio, mirando ( fixando, visualmente, na mente!)  a chegada;  ainda que as condições sejam difíceis, que bata a preguicinha , chute-a!! para o além infinito... e vá em frente com a tua total boa vontade e  coragem.
Tente... pelo menos faça algumas tentativas,   e será super saudável de vivenciar e, quando der conta de si... êbaaa!!  já estará sendo um hábito!!!


MEGA  ABRAÇO COM  AFETO!!!
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